Alterações cognitivas no período gestacional e puerpério

Por Dra. Janaíra Clara Godeia Ribeiro –

A gestação é um momento único da vida da mulher, permeado de muitas mudanças físicas, ambientais e emocionais. Muito se fala sobre as mudanças no corpo e na vida da mulher ao gestar e cuidar de uma criança. E as mudanças psíquicas, as mudanças cognitivas? Essas são pouco relatadas ou enumeradas. Esse texto tem o objetivo de discorrer um pouco sobre as mudanças cognitivas que podem acontecer durante esse período tão impar na vida de uma mulher.

Fisiologicamente, espera-se que na gestação haja aumento do volume plasmático, aumento da frequência cardíaca, alterações do metabolismo entre outras necessárias para o desenvolvimento humano. Já no âmbito psicológico as mulheres podem experimentar mudanças de humor, labilidade emocional, ambivalência afetiva, ansiedade ocasionadas pelas alterações hormonais e antecipação da maternidade. Além dessas, temos as mudanças cognitivas como esquecimento, dificuldade de concentração ou até mesmo, sensação de alentecimento do raciocínio.

Todas essas mudanças, estão associadas às alterações hormonais inerentes da gestação e pós parto, além de estarem associadas às demandas físicas e emocionais da gravidez e puerpério. Tais alterações não são experimentadas da mesma forma por todas as mulheres, e algumas podem relatar maior acometimento que as outras, principalmente naquelas em que a gravidez traz uma vulnerabilidade emocional.

De toda forma, não são alterações permanentes, duram de semanas a meses após o parto. Entre os fatores ambientais, que podem predispor a maior intensidade dessa experiência, estão privação de sono, estresse diante das demandas de uma criança, falta de rede de apoio, vulnerabilidade social.

Por outro lado, o período entre gestação e puerpério está relacionado a grande incidência de transtornos mentais, o que indica a necessidade de cuidar dessa população com um olhar atento, a fim de evitar complicações materno-infantis, já que adoecimentos psíquicos nesse momento podem resultar em piores desfechos para as mães e interferir no desenvolvimento da criança durante sua infância, já que um bom vínculo mãe-feto está relacionado a bons resultados na saúde da criança.

Sobre a autora: Psicóloga com ênfase na terapia cognitivo comportamental, formação em terapia dos esquemas e com interesse em leituras diversas sobre psicologia e saúde mental. Acadêmica de medicina do décimo período decidida por psiquiatria.

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