Fonte: Letícia Ruthes Niz, Marina Zavadinack e Silva, Roberto Ratzke.
Zolpidem, um hipnótico derivado das imidazopiridinas, é aprovado pelo FDA para o tratamento de curto prazo da insônia, atuando preferencialmente na subunidade alfa 1 do receptor ácido gama-aminobutírico (GABA-A). Inicialmente, era considerado uma opção mais segura do que os benzodiazepínicos. No entanto, o uso crônico pode levar à dependência, abstinência e diversos efeitos colaterais, como sedação diurna, amnésia anterógrada e sonambulismo. A desintoxicação do zolpidem é feita substituindo-o por benzodiazepínicos de ação prolongada, em dose equivalente.
O zolpidem, um modulador alostérico positivo do GABA, difere dos benzodiazepínicos por ser mais seletivo quanto à subunidade de ativação do receptor GABA-A, atingindo preferencialmente a subunidade α1, gerando efeito sedativo e hipnótico, com menor risco de efeitos colaterais negativos.
Apesar de inicialmente considerado seguro, evidências mostram que o uso crônico de zolpidem resulta em tolerância cruzada com benzodiazepínicos e álcool. A descontinuação abrupta do medicamento desencadeou sintomas de abstinência na maioria dos pacientes, incluindo tremores, sudorese, náusea, ansiedade e palpitações, semelhantes aos sintomas de abstinência de benzodiazepínicos. Alguns pacientes apresentaram episódios convulsivos relacionados à suspensão abrupta do zolpidem.
A maioria dos casos envolve mulheres com idade entre 35 e 50 anos, com comorbidades psiquiátricas associadas. O protocolo de retirada do medicamento é baseado na prescrição de benzodiazepínicos de meia-vida longa, como o diazepam, em dose equivalente ao uso anterior de zolpidem.
O acompanhamento em Hospital Dia mostrou-se importante para a manutenção da abstinência, e o acompanhamento ambulatorial posterior influenciou positivamente na manutenção do tratamento.
Conclusão:
O uso crônico de zolpidem pode levar à dependência química e sintomas de abstinência, incluindo convulsões. A troca imediata de zolpidem por diazepam, em dosagem equivalente, com retirada gradual, é bem tolerada. São necessários mais estudos sobre o assunto devido à escassez na literatura atual.
Artigo na íntegra: https://revistardp.org.br/revista/article/view/469/585