Fonte: Jamily Kaliny Azevedo Lima, Larissa Almeida Oliveira Barbosa, Katia de Miranda Avena, Ana Paula Amaral de Brito.
O artigo investiga o impacto da pandemia de COVID-19 na prevalência de transtornos mentais comuns (TMC) entre estudantes de Medicina de uma universidade privada em Salvador, Bahia. A formação médica é conhecida por ser estressante e exigir grandes sacrifícios dos alunos, o que já os torna vulneráveis a problemas de saúde mental.
Objetivos e Métodos
O estudo observacional e quantitativo analisou dados de estudantes antes (2019) e durante a pandemia (2020). Participaram 289 estudantes, 98 antes da pandemia e 191 durante. A coleta de dados utilizou questionários sociodemográficos e o Self-Report Questionnaire (SRQ-20) para rastrear TMC.
Resultados
- Perfil sociodemográfico: A maioria dos estudantes era jovem (em média 23-24 anos), predominantemente do sexo feminino, solteiros e não exercendo atividades remuneradas.
- Hábitos de vida: Houve aumento significativo no envolvimento religioso e no consumo de álcool durante a pandemia.
- Dados acadêmicos: A maioria dos participantes estava no ciclo básico do curso de Medicina.
- Prevalência de TMC: Não houve diferenças significativas na prevalência de TMC entre os dois períodos (48% antes e 44,5% durante a pandemia).
Discussão
O estudo encontrou alta prevalência de TMC entre os estudantes de Medicina tanto antes quanto durante a pandemia, mas sem impacto significativo da pandemia nas taxas. As mulheres apresentaram maior prevalência de TMC, mas houve aumento significativo entre os homens durante a pandemia. Fatores como envolvimento religioso e consumo de álcool mostraram-se associados a TMC, mas o aumento desses hábitos não reduziu a prevalência dos transtornos.
Conclusão
A pandemia de COVID-19 não impactou significativamente a prevalência de TMC entre os estudantes de Medicina. Aspectos intrínsecos ao curso de Medicina, como a intensa carga horária e a pressão psicológica, são os principais fatores de risco para o desenvolvimento de transtornos mentais nessa população.
Artigo na íntegra: https://doi.org/10.1590/0047-2085000000430